Tal pai…

Sem dúvida um dos melhores argumentistas franco-belgas das últimas décadas, Jean Van Hamme, anunciou há meses o desejo duma (merecida e) descansada reforma, tendo por isso decidido abandonar as várias séries que criou, com excepção de Largo Winch. Aos seus desenhadores, deu toda a liberdade para encontrarem substitutos, o que fez Rosinski, buscando em Yves Sente, argumentista de Blake e Mortimer, quem, após 29 álbuns, continuasse com as aventuras de Thorgal, ou melhor, de Jolan, numa invulgar sucessão dinástica, que é caso raro nos anais da BD, embora aquele possa ser sempre presença recorrente.
Por isso, “Moi, Jolan” (Le Lombard), em que Rosinski explana de novo a sua técnica de cor directa com a qual nos proporciona belíssimas imagens, alterna entre a busca iniciática empreendida pelo filho do vicking das estrelas, “deixando definitivamente a sua infância” para “se tornar um homem” como o seu pai, e a nova vida deste e da sua família, fazendo assim a ponte entre o passado da série e o seu novo rumo.
Num álbum de transição, Jolan encontra um grupo de (inicialmente) concorrentes, com quem aprende a compartilhar experiências e que, possivelmente, protagonizará com ele as futuras aventuras que Sente promete já ao leitor, neste aperitivo bem escrito e construído, no qual deixa adivinhar promissores e surpreendentes desenvolvimentos, relacionados com o passado, a diversos níveis.


Escrito Por

F. Cleto e Pina

Publicação

Jornal de Notícias

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